Na avenida eu vi a bexiga lilás voando presa a um cabo que a mantinha, com seu peso, longe do céu, mas não tão longe que não pudesse se locomover ligeira, buliçosa e pulante pelo asfalto.
Sua liberdade delimitada entre solo e carros somada ao meu eterno e infantil fascínio por balões me fizeram observar, durante segundos, seu persistente caminho traçado pelo vento.
Se arriscando nas rodas e na incerteza, me mostrou que a liberdade está aquém à independência. Pôde-se ver também, naqueles poucos segundos, uma representação da fragilidade da vida.
Com a bexiga, para os poucos que quiseram analisar, foi notada a materialização de preceitos e contradições da vida, igualmente frágeis.
Ainda foi possível entender um pouco da física, pois passados os segundos em que a vi atravessar a rua, dei as costas e escutei uma breve e pequena explosão. Logo soube que ela jazia ali perto, despedaçada, entretanto não senti vontade nem meu caminho permitiu refitá-la. Alguém que me observasse poderia levantar outras interpretações, como o receio que trazem as mudanças e perdas.
Neste ínterim, concluí que enquanto for possível enxergar não só com os olhos, mas com a alma em conseguinte, acrescerá à humanidade uma esperança a mais. Não obstante, creio que meu senso criativo tem uma chance.
Humberto Abdo
Adoro seus textos! Você escreve muito bem, Humberto! :)
ResponderExcluirBaah, muito bom mesmo. =)
ResponderExcluirEscreve muito bem mesmo, Humberto. Meus parabens!
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